Não tenho certeza, mas, dependendo do que estivesse em jogo, obviamente, apostaria que as cadeiras, a exemplo das paredes (que, certamente, escutam) registram, como um gravador mudo, o que sobre elas é dito. E já que a palavra “sobre” dá margem a duas interpretações, explico: não guardam frases com o tema “cadeira”, mas o que é sugerido, arfado, suspirado, gemido ou gritado quando nelas sentamos.
Daí aquele pó que de algumas se desprende e que muitos desavisados confundem com a ação dos cupins, não percebendo as pobres se remoendo em culpa. Daí, também, o incomodo choque que, anos depois, alguns torturados levam quando, coincidentemente, sentam nestas que serviram de apoio à covardia.
Já disse que não tenho certeza, mas é provável que este também seja o motivo pelo qual, tentando exorcizar a angústia, resolvi escrever isto que você provavelmente não lerá porque foi desta cadeira que assisti, sem me mexer, como se eu fosse a própria cadeira, você batendo a porta, daquela vez pela última.
quinta-feira, setembro 10, 2009
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10 comentários:
Nunca tinha lido. Nunca pensei em ler. Entrei aqui por puro despeito, pra não quebrar a promessa, nada mais que obrigação.
Agora que entrei sou fã.
E no afã de conectar-me mais com suas palavras percebi que a coluna dói do dia passado na cadeira. Mas esta não sente alguma coisa, senão coisa alguma: não veio de arvores vivas, ela é feita de plastico morto.
Pena, pena, pena... lá se vai mais um poema...
Sábias cadeiras.
nem chá de cadeira, nem dança, bacci
Ah, eu sou sua fã!!
Beijo!
Que coisa mais linda esse seu texto...
Ahhhh, as cadeiras... eu as invejo por alguns corpos que elas acomodam, pelas palavras que só elas escutam, o calor que sentem...
Adorei o texto, Marcos!
Você é bom mesmo.
Beijos, Beta.
UAU!
Pasmei =)
Maravilhoso esse texto. Chego aqui pelo intermédio de Didoneante. E seguirei. Parabéns.
êta que show... bjs Lili
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