sexta-feira, outubro 15, 2010

O Tempo é Mulher (cap 1)

ANGELIQUE

O Nome dela não é Rosa e ninguém sabe por que, talvez nem mesmo seus pais saibam, e se estiverem vivos talvez até se arrependam de terem cravado na certidão de nascimento: Angelique. Mas é uma escolha compreensível, porque anjos também enfeitam jardins, colorem casas e perfumam ambientes, a diferença é que a estes costumamos pensar invisíveis ou que, na pior das hipóteses, não existam, o que é bobagem, já que eles são tão reais quanto o gosto de hidromel.

Angelique é feita de flores. Rosas, para ser mais exato. É da trança dos caules que ela ganha sustentação, tônus, que consegue colocar-se de pé, que pode andar pela vizinhança, comprar seu jornal, abrir nos classificados para ver as ofertas de imóveis. Adora saber se uma casa tem um quintal grande onde poderia florescer nos cantos, se o apartamento possui jardim de inverno, se possui uma varanda onde coubesse um pequeno vaso, ou uma cozinha grande, pois quanto maior a cozinha, maior a chance de se encontrar ali nem que fosse um copo d`água onde pudesse deitar e relaxar.

Ela espeta. Angelique não gosta dos espinhos, mas talvez apenas ache que não gosta, pois eles impedem que os outros cheguem perto, o que é ótimo, odeia pessoas que encostam, que falam muito de perto, especialmente as que possuem hálito de café. Mas não está nem aí se lhe acariciam as pétalas. Ao contrário: até gosta, procura o carinho nelas como um cachorro enfiando a cabeça no colo do dono para receber cafuné entre as orelhas. Brinca com as mãos de quem possui dedos suaves, gosta daquilo, muito, mal contém a produção de pólen, o que infelizmente costuma encerrar antes do tempo a troca de carícias, pois é raro aparecer alguém que consiga ficar perto sem um acesso de espirros.


É por isso que Angelique sempre teve um sorriso triste. E deve ser por isso que não demorou a murchar. Não fui forte para acompanhar seu ocaso, me afastei, nunca mais a vi. Mas sempre lembro dela quando encontro uma de suas pétalas dentro de um livro que dificilmente lerei até o fim, até para não desmarcar o trecho que diz: (...) e cada vez que você esquecer de mim, ao enviar flores para a nova dona dos teus pensamentos, me relembrará, desistindo do presente antes mesmo de preencher o cartão que diria: te amo.

4 comentários:

silvia pilz disse...

paro por aqui: 'pessoas que encostem, que falem muito perto, especialmente as que possuem hálito de café, mas não está nem aí se lhe acariciam as pétalas, ao contrário, até gosta'

silvia pilz disse...

implico com nomes tipo angelique. adoro ler você [rs].

silvia pilz disse...

outra coisa: esse blog é muito bom. mas o título, mané sagaz, não tem absolutamente nada a ver com o que é publicado. dá pra mudar? eu usaria 'full deus' ou 'fool deus'.

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

...traigo
sangre
de
la
tarde
herida
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...


desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ


COMPARTIENDO ILUSION
MARCOS

CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...




ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE TOQUE DE CANELA ,STAR WARS, CARROS DE FUEGO, MEMORIAS DE AFRICA , CHAPLIN MONOCULO NOMBRE DE LA ROSA, ALBATROS GLADIATOR, ACEBO CUMBRES BORRASCOSAS, ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER ,CHOCOLATE Y CREPUSCULO 1 Y2.

José
Ramón...