quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Sr. Pompílio

Começou como uma pequena verruga no pescoço aquela cabeça que uma semana depois tinha o mesmo tamanho da cabeça original do Sr. Pompílio. No ínício o Sr. Pompílio não se importou. Desde que sua mulher morrera, 10 anos antes, não tinha mais com quem conversar e aquela cabeça nova foi uma excelente companhia. Exceto pelo fato de que, mais jovem, era uma cabeça que gostava da boemia e, mais forte, acabava levando o Sr. Pompílio, mesmo contra a vontade, para festas que varavam a madrugada e cansavam muito a cabeça original que, mais idosa, necessitava de mais descanso.

Um dia, exausto das farras da cabeça vizinha, o Sr. Pompílio decidiu elimina-la e deu um tiro na cabeça. Na outra, claro. A justiça entendeu como crime e não tentativa de suicídio, como alegaram os advogados de defesa, e o réu foi condenado à prisão perpétua.

O Sr. Pompílio não tem nenhuma reclamação da cama nem da comida da prisão. A única coisa que o incomoda é o mau cheiro que aquela caveira cisma em exalar durante a noite.

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